Iêda Novais*
Nas últimas décadas, o tema sustentabilidade vem sendo discutido amplamente, sob os mais diversos ângulos e pontos de vista. A questão tem se consolidado e adquirido cada vez mais importância e espaço no ambiente de negócios. O empreendedorismo verde tem passado a fazer parte das agendas de trabalho, especialmente das executivas. O fator em comum que une estas lideranças é o interesse em promover uma forte agenda de desenvolvimento que leve em consideração a mulher e a sustentabilidade, garantir que esse tema seja recorrente nas discussões entre os líderes empresariais visando o desenvolvimento de uma economia nacional competitiva, inovadora, inclusiva e sustentada.
Recentemente, o Conselho Estratégico da Rede de Mulheres Brasileiras Líderes pela Sustentabilidade, criado em 2012 pelo Ministério do Meio Ambiente, deu posse a suas primeiras 13 integrantes. Um dos objetivos desse grupo é estimular ações de sustentabilidade entre as mulheres que atuam na liderança de instituições, organizações e empresas públicas e privadas. Uma das metas estipuladas, ambiciosa, é a de que até 2020 cerca de um milhão de executivas tenham participado de um curso de capacitação em sustentabilidade. A principal missão do colegiado, na condição de instância superior da iniciativa, é identificar, propor e aprovar um modelo de governança definitivo para a Rede.
O grupo participou da iniciativa “Mulheres Rumo à Rio+20: a Sustentabilidade no Feminino”, que deu origem à Plataforma 20. Considerada uma contribuição da sociedade brasileira para a Conferência das Nações Unidas Sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), a proposta contou com a colaboração de 200 mulheres e apontou diretrizes para o empreendedorismo verde, negócios sustentáveis e para a comunicação do consumo consciente.
Entre os compromissos firmados pelo grupo de trabalho estão: a adoção de mentoring e capacitação como forma de educação para a sustentabilidade e liderança; e a elaboração de um perfil de líder em sustentabilidade que seja inspirador para as carreiras profissionais. Foi definida também a promoção da valorização desses assuntos por meio de iniciativas como a realização de uma campanha do Governo Federal que aborde a sustentabilidade como tema que implica na geração de uma nova cultura, ou seja, na transformação de valores e modos de comportamento.
A iniciativa surgiu depois que foi constatada a existência de lacunas na formação de lideranças e verificou-se a necessidade de pensar ações ou programas que causem impacto pela relevância e cobertura de suas ações para fazer a diferença na sociedade. Assim, o assunto empreendedorismo verde e os negócios sustentáveis é dirigido ao público de mulheres de todas as classes e tem como pretensão incentivar e potencializar oportunidades de negócios que atuem na dimensão da sustentabilidade em suas várias vertentes.
Uma segunda ação aborda o tema padrões de consumo e produção, e é voltada para o público de mulheres da classe “C”. O objetivo é apresentar um programa de comunicação que possa promover uma mudança nos padrões de consumo e produção atuais, ao influenciar e orientar as escolhas de pessoas físicas e jurídicas para um consumo sustentável.
Sabidamente vivemos em um momento em que a valorização da economia sustentável não é mais um diferencial, mas, sim, uma realidade para a sobrevivência e a própria sustentabilidade das organizações. Certamente, as lideranças femininas têm muito a contribuir com a consolidação dessa realidade, especialmente em um País como o Brasil, que tem muitos exemplos a oferecer, mas também ainda precisa construir muito para que as relações entre a sociedade e a natureza garantam perenidade e equilíbrio ao nosso mundo.
* Iêda Novais é diretora da KPMG no Brasil e membro do Conselho Estratégico da Rede de Mulheres Brasileiras Líderes pela Sustentabilidade
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