Em primeiro lugar, se fizermos alusão ao contexto histórico da nossa evolução social, encontramos o nascimento das ciências sociais na ruptura do homem com a igreja após iluminismo. Neste momento, o homem se apoiou das ciências, do conhecimento cientifico e na compreensão do entendimento da vida. O homem pensou que se conhecesse os fenômenos poderia controlar a realidade da dinâmica social. Depois deste tempo, houve o tempo da revolução industrial, onde a proposta era uma nova relação entre capital e trabalho que mais tarde gerou as teorias positivistas de ordem e progresso que criaram as metrópoles modernas contribuindo para um adensamento populacional, problemas sociais onde temos como pano de fundo a idéia de que “ A razão humana busca o controle na natureza e da sociedade”.
A idéia de emancipação da razão, ou seja, a racionalidade contribui assim para a formação da ciência e da técnica no sentido de dominar a natureza, o mundo e a ciência. Daí, a modernidade nos trouxe a idéia de separabilidade, neutralidade que influenciou na forma como apreendemos na escola. Somos preparados para viver o conhecimento, que nos reporta a um grande paradoxo entre dominação e liberdade. Dessa forma a sociedade se organizou para pensar o futuro sem se preocupar com o passado.
A modernidade trouxe aos indivíduos a formação de uma sociedade estruturada através de classes que vem de encontro à própria divisão social do trabalho proposta por Marx. Essa divisão impulsionou o indivíduo a procurar por uma identidade, que neste ambiente era visível através dos símbolos, ou pela dimensão simbólica das relações a qual o grupo pertencia. Essas dimensões simbólicas são visíveis e perceptíveis aos indivíduos através de suas roupas, religião, comportamentos, estilos de vida que lhe conferem o seu status. A fragmentação das personalidades também ocorreu em função da fragmentação do trabalho e hoje temos indivíduos em conformidade com as situações em função das relações entre capital e trabalho.
As generalizações do trabalho também têm influenciado os indivíduos a se acomodarem como diz Simmel, um indivíduo metropolitano calcado num comportamento altamente individualizado, o indivíduo blasé.
Estes fenômenos tem impulsionado na construção de uma metrópole social cada vez mais distanciada da sociabilidade. Apoiando-nos neste contexto, podemos descobrir que essa sensação de vazio entre o discurso e a pratica da sustentabilidade nas organizações é na verdade um reflexo da nossa própria história.
As ciências não foram tratadas de maneira transdiciplinar e também não nos incentivaram a pensar de forma sistêmica sob as esferas de influencias de nossos comportamentos e atitudes, seria muita pretensão da “sustentabilidade“ achar que após tantas evoluções das ciências (conhecimento cientifico) ela fosse capaz de alinhar o discurso com a prática nas organizações, isso por que a própria estrutura organizacional atual é departametalizada e seus processos, métodos ainda são reflexos da nossa educação, positivista, racional e de controle das situações.
Um outro aspecto importante que deve ser levado em consideração é o fenômeno da individualização, cada vez mais estamos presos ao consumo e a competição global. Os indivíduos cada vez mais buscam uma rede de relações que lhes proporcione a satisfação das suas necessidades que provoca um distanciamento e um isolamento em função da realização pessoal, e seu crescimento individual. Entendendo dessa forma a lógica da dinâmica organizacional, podemos concluir que este distanciamento entre o discurso e a pratica é também legitimado por cada um de nós que na verdade estamos apreendendo a construir um novo olhar sob os processos organizacionais voltados para as questões da sustentabilidade como preservação ambiental, ética, desenvolvimento social dentre muitos outros temas pertinentes a este contexto, que tem nos feito refletir e repensar os processos organizacionais sob a ótica da sustentabilidade que por fim tem único objetivo: a preservação da nossa própria espécie.
Não podemos também de forma alguma procurar justificar os nossos comportamentos blasé, em função da forma pela qual apreendemos com a ciência. Não temos aqui a pretensão de achar que somos exclusivamente o reflexo da construção social da história dos indivíduos que formam este emaranhado cultural global ao qual pertencemos, mas, sobretudo que somos atores sociais e desempenhamos multi papéis com o poder de multi influências na construção dessa sociedade. Por tanto, o que falta é uma revolução cultural no sentido da percepção da vida para uma verdadeira transformação da realidade atual, seja na vida, seja na sociedade ou nas organizações. Se existe este vazio entre discurso e prática nas organizações é porque legitimamos o comportamento blasé em conformidade com as situações conseqüentes das relações entre capital e trabalho. O poder econômico sobrepõe as outras dimensões propostas pela sustentabilidade: dimensão social e dimensão ambiental. Pensar sob essa ótica é deixar antigos comportamentos e práticas para desvendar o novo que essa reflexão nos sugere. A questão inicial que motivou a escrever este texto só poderá ser respondida se de fato estivermos preparados para desvendar o novo.
Vivian Blaso, Relações Públicas, Mestranda em Ciências Sociais, Especialista em Gestão para Sustentabilidade, MBA em Gestão Estratégica de Marketing.
Oi Vivian
Adorei seu blog!
Se vc quiser fazer troca de link com o “Desenvolvimento Sustentável” me avisa viu!
http://sustentavel-desenvolvimento.blogspot.com/
Abraços
P.S. – enviei um email a vc para ser vc colaboradora do blog também, se vc quiser, claro.