Cooperativa de reciclagem de materiais adota

Sistema Lean melhora layout, logística, gestão visual e organização do trabalho de 32 cooperados em Sumaré (SP)

Catadores e separadores de materiais comemoram maior eficiência e aumento na produção

A Cooperativa Aliança, cooperativa de reciclagem de materiais (o chamado “lixo”) de Sumaré, no interior de São Paulo, está implementando há cerca de cinco meses o Sistema Lean – filosofia de gestão inspirada no Sistema Toyota.

E apesar de estar no início da chamada “jornada lean” em um ambiente bastante precário, a entidade já conseguiu resultados concretos em aumento de produtividade, controle e organização.

Formada por 32 cooperados, entre catadores e separadores de materiais reciclados, a cooperativa já conseguiu aumentar em 68% a produtividade da triagem de materiais, que é a separação do material reciclável que chega à cooperativa, processo que é considerado o principal “motor” desse tipo de operação.

Só para se ter uma idéia, antes de começar a implementar o Lean, a cooperativa conseguia separar entre 180 e 220 “bags” (sacola) de material por dia – números que hoje variam diariamente entre 280 e 320.

A entidade de catadores está aplicando o Sistema Lean com apoio da ONG Ecologia e Dignidade Humana, de Campinas (SP), e sob a orientação do Lean Institute Brasil (www.lean.org.br), entidade brasileira sem fins lucrativos criada para disseminar no país esse Sistema inventado pela Toyota.

“Antes, era bem mais cansativo, pesado… mas agora está tudo mais produtivo”, resumiu Rosângela Rodrigues, 38 anos, triadora, cooperada há quatro anos e atual presidente da cooperativa.

Melhor layout, logística, gestão visual e organização – Usando os conceitos do Sistema Lean, a cooperativa conseguiu, por exemplo, melhorar o layout da triagem (separação) dos materiais, processo que antes era feito de forma individual e não no formato de “célula”, como ocorre no Sistema Lean.

Ou seja, antes cada cooperado pegava um bag (sacola com material a ser separado), sentava em uma mesa e separava os materiais. Agora, são três mesas grandes com quatro cooperados em cada mesa. O bag é despejado ali, e cada colaborador fica responsável por separar determinados tipos de materiais.

“Agora o nosso trabalho melhorou muito, pois com a tarefa dividida dessa forma cada um pega um pouco do material, e o processo de triagem ficou muito mais ágil”, comemorou Neuza Souza, 42 anos, cooperada há 9.

Outra melhoria gerada pela “mentalidade lean” foi na parte de logística da cooperativa. Ocorreu, por exemplo, a desocupação parcial de uma parte do barracão da entidade, que antes ficava sempre repleta de materiais e exigia que caminhões que traziam o material para ser reciclado tivessem que estacionar na rua – o que gerava uma demora de até dois dias para se iniciar a triagem.

Com a desocupação e melhor organização logística, o caminhão agora entra dentro da operação. E em menos de 10 minutos, o material já está sendo separado.

“Agora está tudo mais organizado, mais rápido e mais produtivo”, observou também a catadora Lucimara Costa, 35 anos, cooperada há 7 anos.

Além disso, a aplicação do Sistema Lean está otimizando o controle da produção e introduzindo a chamada gestão visual, uma das bases desse sistema.

Por exemplo, com a adoção de sistemas visuais simples que registram e mostram a evolução da produtividade da cooperativa e se há problemas na produção.

Além disso, a jornada lean na cooperativa começou há cerca de cinco meses com a dedetização do barracão da entidade e com desocupação total de uma sala, antes repleta de material não separado, que virou sala de reuniões semanais, de planejamento e avaliação do trabalho.

“Já melhorou muito, e o próximo passo é a estabilização da mão-de-obra, que ainda é muito rotativa”, disse Cristina Lima, responsável pela gestão da cooperativa e agora pelo projeto de implementação do Sistema Lean, que tem o apoio do Instrutor do Lean Institute Brasil Diogo Kosaka e do estagiário Bruno Battaglia.

O Presidente do Lean Institute Brasil, José Roberto Ferro, explica que a aplicação do Sistema Lean numa cooperativa pode ser muito eficaz porque esse tipo de entidade reúne processos muito similares aos de uma empresa qualquer.

“Como numa empresa, a produção numa cooperativa de reciclagem reúne etapas de um processo produtivo, e o Sistema Lean pode justamente ajudar a gerar melhorias em todos os processos, eliminando desperdícios de tempo, de espaço e de materiais. E ajudando na identificação de problemas e do que realmente agrega à cooperativa.”

Como funciona uma cooperativa de reciclagem de materiais – Na Cooperativa Aliança, a primeira etapa é a coleta dos materiais: pode ser papel, papelão, plástico, garrafas, latas etc.

Depois da coleta, o material é enviado à cooperativa. E lá ocorre a etapa “chave”, que é a triagem, ou seja, a separação de materiais: copos plásticos, garrafas plásticas, latas de alumínio, plásticos de embalagens, entre outros.

Depois de tudo separado, cada material (latas de alumínio, por exemplo) vai para uma prensa.

O material prensado é chamado de fardo e vai para o cliente final (um reciclador ou um intermediário).

É assim na Cooperativa Aliança, que recebeu recentemente um recurso do BNDES e até o primeiro trimestre de 2010 pretende adquirir um barracão próprio, pois o atual é alugado e pago por parceiros.

Além disso, a entidade também planeja comprar novos equipamentos, para aumentar sua produtividade na reciclagem dos materiais.

Mais informações:
Lean Institute Brasil (www.lean.org.br).

Assessoria de imprensa:
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