Bancos de desenvolvimento anunciam “divisor de águas” para o transporte sustentável na Rio+20

Os maiores bancos multilaterais de desenvolvimento – liderados pelo Banco Asiático de Desenvolvimento, o Banco Mundial e outros — se comprometeram a fornecer mais de 175 bilhões de dólares, num período de 10 anos, em prol do transporte sustentável nos países em via de desenvolvimento.
O anúncio foi feito na Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável no Rio de Janeiro (Rio+20) pelo Banco Africano de Desenvolvimento, o Banco Asiático de Desenvolvimento, o CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina), o Banco Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento, o Banco Europeu de Investimento, o Banco Interamericano de Desenvolvimento, o Banco Islâmico de Desenvolvimento e o Banco Mundial.
A seguir, uma declaração de Holger Dalkmann, diretor do EMBARQ, o centro para o transporte sustentável do WRI (Instituto de Recursos Mundiais):
“Este é um divisor de águas para o transporte sustentável. Ele irá garantir que centenas de milhões de pessoas tenham um ar mais puro, ruas menos congestionadas e meios de transporte mais seguros.
“Há dez anos, a questão do transporte sequer fazia parte das discussões; agora, é um dos resultados mais importantes da preeminente conferência mundial sobre o desenvolvimento sustentável.
“Os bancos têm investido seu dinheiro no que é relevante — em ruas construídas para as pessoas, não apenas carros. A expectativa é de que a população mundial ultrapasse os 9 bilhões em 2050, com mais da metade morando na Ásia, predominantemente em áreas urbanas. Ao mesmo tempo, prevê-se que o número de carros particulares dispare dos cerca de 800 milhões da década mais recente para cerca de 2 bilhões em 2030. A união dessas duas mega-tendências criará um ambiente onde as pessoas terão de competir por recursos financeiros, físicos e institucionais. Em contrapartida, precisamos de designs urbanos melhores; de meios de transporte mais sustentáveis como caminhar, bicicletas e transporte de massa; e de melhorias na tecnologia existente de veículos e combustíveis.
“Este investimento não trata apenas de melhorar os meios de locomoção das pessoas de um ponto A para B; tem a ver também com o fornecimento de acesso e mobilidade para os pobres, e com a melhoria da segurança viária, sem mencionar a redução das emissões de gases de efeito estufa relacionadas ao transporte. A questão do transporte não é fatia pequena das mudanças climáticas – o setor representa aproximadamente um quarto das emissões globais de CO2.
“O anúncio de hoje sem dúvida irá estimular outros tomadores de decisão, especialmente os governos nacionais, a considerar o financiamento de projetos de transporte baseados em benefícios sociais e ambientais. Irá empurrar a sustentabilidade para o centro da questão do desenvolvimento urbano.
“Ao mesmo tempo, precisamos nos certificar de que o dinheiro seja investido nos tipos corretos de projetos, e de que haja mecanismos sólidos para medir os impactos resultantes. Serão necessárias uma total transparência e monitorações independentes.
“Os países frequentemente investem em transporte e infraestrutura, mas com mais ênfase no sistema rodoviário. Precisamos ser mais espertos quanto à destinação desse dinheiro, seja para a criação de espaços públicos vibrantes, para uma infraestrutura mais segura para pedestres e ciclistas, ou a construção de sistemas de transporte de alta tecnologia e baratos. Isso significaria uma mudança de paradigma na maneira como financiamos o crescimento de cidades sustentáveis, semelhante à realizada pelo Banco Asiático de Desenvolvimento e a sua Iniciativa para o Transporte Sustentável, que fornece assistência técnica e financeira a projetos de transporte na Ásia e na região do Pacífico que enfatizem um crescimento econômico inclus ivo e ecologicamente sustentável.
“O EMBARQ, o centro do Instituto de Recursos Mundiais (WRI) para o transporte sustentável, é membro fundador da Parceria para o Transporte Sustentável, de Baixo Carbono, que ajudou a catalisar esse novo compromisso financeiro dos bancos.
“Daqui a alguns anos, talvez vejamos a Rio+20 como o momento em que o transporte foi empurrado para o topo da agenda da sustentabilidade.”

Para mais informações:

Michael Oko – moko@wri.org – 21.81710258 (no Rio)
Veronica Marques – veronicamarques@gmail.com – 21.9981-9211
Artur Romeu – artur.romeu@gmail.com – 21.9524-4544
Sandra Sinicco – sandra@grupocasa.com.br – 11.3078-7300/11.8149-6504
Joice Viana – joice@grupocasa.com.br – 11.3078-7300/11.9354-9777
Oliver Altaras – oliver@grupocasa.com.br – 11.3078-7300/41.8841-7596