Michael Serres aposta na inventividade: é preciso exercitar a criatividade e se não conseguirmos, não vamos reinventar a universalidade do homem proposto pelo autor. Essa reflexão da qual me refiro, precisa de momentos de solidão e de auto conhecimento. Está relacionada a um momento do homem com ele mesmo, e não a reflexão exclusivamente pragmatizada sobre a metodologia, o dinheiro e o retorno que a aplicação da sustentabilidade proporcionará as empresas no médio e no longo prazo.
Mais do que isso, a sustentabilidade nos sugere uma nova forma de pensar e agir, como acredita Serres na Hominescência capaz de religar cultura, ciência e filosofia é uma ruptura ao modelo cartesiano, ocidental e tradicional que colocava cada um no seu quadrado dentro das empresas,
“O ocidente acabou por transformar o mundo. A Terra, no sentido do planeta fotografado em sua globalidade pelos cosmonautas, tomou o lugar da terra, como a gleba cotidianamente trabalhada. Essa figura separou no final do último século de todo o tempo passado desde o neolítico, já transformou nossos relacionamentos com a fauna e a flora, com a duração das estações , o tempo que passou, com o tempo que faz, com as intempéries, com espaços e lugares, com o habitat e nossos deslocamentos. Essa fissura também transformou os relacionamentos sociais;coletivamente não vivemos mais da mesma maneira, desde o desaparecimento do cordão nutrimental comum ao campo, ás propriedades, à vegetação e aos animais, à ocupação dos territórios, a sua defesa e á guerra;nem sequer morremos mais da mesma maneira,pois, por falta de espaço nas cidades, preferimos incinerar nossos mortos a enterrá-los sob o suor de nosso trabalho”.
Talvez hoje, essa ruptura do modelo ocidental cartesiano que separa cultura, indivíduo e sociedade também seja o grande paradigma da ciência contemporânea que busca sair do velho paradigma do homem como centro do universo para o homem que está integrado ao todo.