São Paulo mais limpa e mais saudável

São Paulo está mudando de cara. A imagem de poluição que automaticamente se associa à cidade está se desfazendo – graças aos programas implantados em parceria pelos governos Municipal e do Estado. Ao retirar o lixo das águas das represas e córregos e promover e urbanizar seu entorno, a contribuição não é unicamente ambiental. Há também ação em benefício da saúde e do bem estar público. Em linhas gerais, são esforços voltados à promoção da qualidade de vida.
Atualmente, dois programas de despoluição merecem destaque em São Paulo. Iniciados há cerca de dois anos, o Córrego Limpo e o Defesa das Águas trabalham com estratégias bem particulares, mas ambos visam o combate das enchentes – que, conforme verificamos nas últimas semanas, são problemas graves na cidade. Da mesma forma, os dois programas demandam que a população também faça sua parte.

O Córrego Limpo é uma parceria entre Prefeitura e Governo do Estado – visando a limpeza dos córregos, a contenção e manutenção das margens, o atendimento às famílias removidas para a realização das obras e da fiscalização – além da ampliação das redes de esgoto. A primeira etapa acaba de ser concluída, tendo despoluído totalmente 28 córregos e recuperado outros 14. A segunda está prevista para trabalhar em mais 58 cursos de rios.

Ao todo, o Córrego Limpo custará R$ 400 milhões e beneficiará quatro milhões de pessoas. Seu grande diferencial é que, com atuação pontual, reduz-se a quantidade de resíduos e detritos que desembocam nos rios Tietê e Pinheiros.
Enquanto isso, o programa Defesa das Águas atua nas áreas de mananciais, como as várzeas do Tietê, a Serra da Cantareira e a Represa Guarapiranga, responsável pelo abastecimento de 20% da Região Metropolitana de São Paulo. E, especialmente nessa última localidade, os resultados surpreendem. Apenas em fevereiro, a equipe do Defesa retirou o equivalente a mil sacos de lixo das águas da represa.
Ao todo, já foram retirados 11 mil sacos em dois anos. Por conta disso, hoje não são mais necessários mergulhadores para desentupir os canos submersos, que antes ficavam obstruídos pela sujeira despejada no reservatório. Para reforçar a operação, em breve, dois novos barcos de coleta de lixo vão entrar em operação.

Para garantir a efetividade plena desses dois programas, é necessário promover algum tipo de conscientização a fim de que as pessoas entendam o problema em despejar lixo nas águas da cidade. Importante lembrar que a população vizinha a mananciais e córregos é a que mais sofre com as inundações provocadas por chuvas fortes. E, nesses casos, as pessoas se veem cercadas pelo lixo que elas próprias costumam descartar. Isso sem falar na proliferação dos agentes causadores de doenças, como a leptospirose e a dengue.
Tornar São Paulo uma cidade mais limpa, agradável à vista e à saúde é um árduo trabalho que não inclui somente a ação pontual, como também a conscientização. Por isso, não se trata de obrigação de uma só parte. Este é um esforço conjunto, multilateral.
Finalizando, convido você, leitor, para participar no dia 26 de maio, em São Paulo, da oitava edição da Conferência Municipal Produção Mais Limpa (P + L), a partir das 8h, no Memorial da América Latina. O tema deste ano, “Saúde e Ambiente: os impactos das mudanças climáticas”, tem relação direta com a questão das enchentes e dos programas de despoluição.
A P + L vem reforçar a necessidade de promover a conscientização pública sobre o descarte correto do lixo, indo ao encontro da necessidade de preservação do nosso meio ambiente – uma agenda tão inovadora quanto necessária à garantia do futuro de todos nós.

Gilberto Natalini é médico e vereador (PSDB/SP).
natalini@camara.sp.gov.br