Sustentabilidade Corporativa – Caminhos e Oportunidades

As empresas têm buscado inserir a sustentabilidade em seus negócios por uma questão de sobrevivência e perenidade. Nas organizações este conceito surgiu a partir das discussões da ONU durante a Rio 92, onde lideranças estiveram reunidas para difundir as chamadas metas do milênio. Podemos dizer que sustentabilidade corporativa é quando uma empresa realiza um diagnóstico de suas práticas sob os aspectos sociais, ambientais e econômicos do ponto de vista de seus “multi- stakholders”. Ou seja, são avaliadas as oportunidades e riscos inerentes aos seus processos em relação aos seus públicos de interesse. Essa abordagem alinhada as melhores práticas de governança corporativa, cria valor para o acionista e possibilita uma maior continuidade do negócio no longo prazo.

Através dos indicadores de sustentabilidade, as organizações conseguem realizar um diagnóstico de sua gestão sob os aspectos que envolvem o tema. No Brasil, o Instituto Ethos de Responsabilidade Social, tem um papel relevante para as organizações, pois através do modelo de indicadores proposto pelo Instituto, as empresas realizam um diagnóstico que já sugere um verdadeiro plano de ação para melhoria de sua performance sobre o tema que está sendo abordado.

Os principais princípios estão baseados no chamado Triple Bonton Line, ou seja, os aspectos sociais, ambientais e econômicos.

A Sustentabilidade Corporativa deverá ser inserida nas organizações em todos os processos da empresa. Entretanto, se não estiver na sua cultura, dificilmente ela será alcançada. Podemos dizer que uma organização que almeja ser sustentável, é uma organização que visa a ética, o respeito, a formalidade, a minimização de recursos, sobretudo os naturais que já são escassos em nosso planeta. Hoje, uma empresa que não pensar na sustentabilidade deixará de ser competitiva, principalmente, porque os consumidores já estão antenados na importância de escolher as empresas que buscam as melhores práticas com os seus funcionários, comunidades, que preservam o meio ambiente e que adotam não só medidas compensatórias para minimizar os seus impactos ambientais e sociais ,mas que realmente demonstram através de seus relatórios de sustentabilidade o seus compromissos assumidos em relação aos riscos que seus negócios representam.

As empresas no Brasil, já começam a perceber a relevância destes princípios em seus negócios. Por exemplo, no caso dos financiamentos com os bancos, não só os aspectos financeiros são levados em consideração, mas também os aspectos sócios ambientais. Se a empresa possui grandes riscos ambientais em seu negócio ela deve apresentar medidas preventivas e conclusivas para obtenção do crédito. Caso os analistas entendam que os riscos ambientais são maiores que a empresa pode suportar, o credito é negado. Outro ponto ambiental que tem sido levado em consideração são os aspectos das mudanças climáticas, no caso de empresas agrícolas estes aspectos também são avaliados os riscos.

O movimento pelas construções sustentáveis também tem impulsionado toda a cadeia da construção civil a adotar as melhores práticas de sustentabilidade. Em função de alguns parâmetros que são adotados para a construção sustentável tais como:

Gestão sustentável da implantação da obra, Consumir mínimo de energia e água na implantação da obra e ao longo de sua vida útil, Uso de matérias-primas eco eficientes, Gerar mínimo de resíduos e contaminação ao longo de sua vida útil, Utilizar mínimo de terreno e integrar-se ao ambiente natural, Não provocar ou reduzir impactos no entorno, alterações na paisagem, aumento de temperaturas e dispersão de calor, Adaptar-se às necessidades atuais e futuras dos usuários, Criar um ambiente interior saudável (sem poluentes, tipo VOCs/COVs) e Proporcionar saúde e bem-estar aos usuários. Neste sentido, principalmente os fabricantes de materiais da construção civil tem buscado ganhar inclusive vantagens competitivas frente aos seus concorrentes em função do seu desempenho em relação a sustentabilidade não só de um produto mas da organização. Podemos destacar grandes fabricantes neste caminho como, por exemplo: a Holcim (Cimentos), Camargo Correa, Interfaceflor, Arcelor Mittal. Estes fabricantes, tem se preocupado inclusive com o chamado ciclo de vida do produto. Como sempre este movimento tem maior força nas grandes empresas que geralmente pela sua própria atividade industrial estão ligadas a mineração e também são alvo de maiores riscos tanto sociais e ambientais. Outro risco que este grupo de empresas sofre é o risco de imagem, por exemplo, no caso das indústrias cerâmicas, as comunidades locais de entorno sofrem com o particulado gerado pela sua atividade industrial dessa forma, a sociedade, a imprensa e até os órgãos ambientais exercem maior influência no incentivo as melhorias ambientais que deverão ser implementadas para atender a demanda pela qualidade de vida das pessoas que moram ao entorno dessas fábricas.

No Brasil, temos uma forte tendência a seguir os caminhos da sustentabilidade, principalmente porque abrigamos o pulmão do mundo Amazônia, pra mim o maior dilema para conseguir implantar e suportar um programa de sustentabilidade está nas pessoas. O mais difícil é a mudança cultural. Enquanto as pessoas continuarem consumindo indiscriminadamente sem se preocupar, por exemplo, com a legalidade da empresa, licença ambiental para operar, responsabilidade com o seu lixo, não haverá mudança significativa em relação à sustentabilidade.
O ponto positivo da Sustentabilidade é que as empresas líderes de mercado como, por exemplo, a Nokia, está se preparando para receber aparelhos inclusive de outros fabricantes para reciclagem. As empresas começam a perceber que é necessário pensar que antes de lançar um produto também é necessário repensar o seu ciclo de vida e um esquema de logística reversa.
Autora: Vivian Aparecida Blaso Souza Soares César, Relações Públicas especilista em Sustentabilidade