O Viver Sustentável

Na semana passada, tive a oportunidade de participar de um evento sobre sustentabilidade em uma academia na Zona Oeste de São Paulo, que vem se diferenciando no mercado pelas suas ações voltadas para promoção de uma conscientização sobre tema.

Este momento proporcionou que eu realizasse algumas análises que gostaria de compartilhar neste espaço. Coloco-me aqui no papel de observadora do comportamento das pessoas que freqüentam a academia, neste aspecto, dividi a minha análise pelos 03 períodos de freqüência da academia e também pelo perfil do público conforme os horários.

1) Na parte da manhã, o perfil dos alunos da academia são na maioria crianças que ao perceberem que existe algo novo em seu espaço habitual de lazer e entretenimento ficaram especialmente atônitas com as explicações dos expositores que frisaram as questões de preservação ambiental. Essas crianças demonstram um grau de atenção máxima, recolheram o que podiam de materiais distribuídos no evento para levarem para suas casas. Este comportamento já nos aponta que a geração futura tão falada nos discursos de sustentabilidade já tem uma consciência diferenciada da nossa geração atual e trata com muita seriedade as questões relacionadas ao planeta.

2) No período da tarde, os alunos eram os jovens (teens) e apresentaram um comportamento curioso: pelo incrível que pareça até na forma de se vestir é possível perceber que eles usam camisetas de projetos ambientais, sacolas recicladas, muitas de entidades que lutam pelas causas sócio ambientais. Eles pararam na maioria dos stands e perguntaram detalhes sobre cada produto ou serviço que foi demonstrado durante o evento. Estes jovens também já apresentam uma mudança de atitude, pois estão curiosos e já traduzem em suas vestimentas as preocupações com meio ambiente.

3) Já no período da noite, os executivos que freqüentam a academia, antes de entrarem no clima da malhação, percorreram os stands, selecionaram o que lhes interessa e muitos pararam para perguntar ou até questionar sobre as questões de sustentabilidade no bairro onde a academia está localizada e até mesmo para trazerem questões relacionadas a empresa onde trabalham. Estes profissionais são mais desconfiados e já estão mais conscientes que infelizmente estamos tomados pelo marketing verde presente na mídia do que pela verdadeira mudança de atitude que se faz necessária.

Voltando para o dia a dia, no decorrer da semana, percebi que existe sim uma nova realidade social sendo construída em função das questões que envolvem sustentabilidade. Quando poderíamos imaginar que uma academia de ginástica que hoje se preocupa em proporcionar aos seus alunos o conhecimento das novas tecnologias sustentáveis e melhores formas de vida para um “viver sustentável” poderia exercer um papel de educadora e na influência do comportamento das pessoas que a freqüentam.

O sucesso dessa atitude talvez esteja até mesmo na capacidade que a academia tem de reunir este público tão seleto e formador de opinião, pertencente à classe média paulistana preocupada e engajada com a sustentabilidade.
O viver sustentável é mais que uma vontade é um novo comportamento que nasce na sociedade através de influências que impulsionam uma mudança social tão necessária. Coincidência ou não na mesma semana, o governo federal está empenhado no lançamento do pacote para habitação, onde estão previstas a construção de 1 milhão de casas populares incluindo itens de sustentabilidade como o sistema de aquecimento solar que no final do mês em conjunto com outras medidas tem condições de proporcionar a redução dos custos mensais das famílias que serão beneficiadas com essas habitações. Estudiosos da construção sustentável apontaram por toda mídia questões muito importantes também em função dos hábitos das pessoas, tais como: infra-estrutura necessária para instalação das casas como: água, esgoto e transporte público urbano, acesso ao local de trabalho qualidade dos materiais utilizados durante a construção que deverão proporcionar condições agradáveis aos seus moradores, pois caso contrário poderá levar a patologias sociais já conhecidas na nossa sociedade como endividamento, alcoolismo, depressão entre outros. Sobre essas análises nos resta o otimismo mesmo diante a crise, pois se a sociedade já começa a mudar comportamentos e outras instituições como a academia de ginástica assume novos papeis que antes eram do governo, e da escola e com isso consegue influenciar no comportamento das pessoas, podemos sim acreditar que é possível promover a mudança necessária para conseguirmos retribuir ao planeta tudo aquilo que nos oferece, com ética, respeito e dignidade. Autora: Vivian Aparecida Blaso Souza Soares César, Relações Públicas, especialista em Sustentabilidade