O trabalho em Home Office é bom para quem?

*Vivian Blaso – 28/08/2012

De acordo com a pesquisa global da empresa de recrutamento Robert Half, com 1.876 diretores de RH em 16 países, o Brasil é o terceiro país onde a incidência de trabalho remoto mais aumentou (47%), atrás da China (54%) e Cingapura (50%).
Mas afinal, o trabalho em Home Office é bom para quem? É o que fomos investigar com o Consultor em Gestão e Desenvolvimento de Recursos Humanos Roberto Monastersky.
Confira a entrevista na íntegra:
CS. As novas tecnologias e a mobilidade urbana têm sido apontadas como justificativas para o trabalho em Home Office. Mas afinal, esse trabalho pode ser uma opção para qualquer tipo de empresa e qualquer tipo de perfil profissional?

R. O trabalho em Home Office é especialmente interessante para empresas que trabalham com projetos e para profissionais com alta maturidade e disciplina profissional. Considerando a qualidade dos resultados esperados e prazos a serem cumpridos, esta forma de trabalhar não é apropriada para todos. Há profissionais que necessitam da disciplina de um horário fixo e de uma supervisão presencial. Para outros, “ir trabalhar” é relevante, pois é no trabalho que estabelecem grande parte das relações sociais. O profissional com perfil mais próximo ao trabalho em Home Office demonstra grande disciplina, experiência, espírito inovador, mecanismos próprios para evitar o isolamento social e escolha do momento ideal de vida e carreira.

CS. Quais são as vantagens para o empregador?

R. A grande vantagem consiste na diminuição de custos com escritórios e tempo de deslocamento dos profissionais, principalmente em grandes centros urbanos como São Paulo. O trabalhador com perfil adequado pode desenvolver um maior nível de motivação, e a empresa pode aumentar a retenção de talentos, ter maior possibilidade de contratação de profissionais com alguma deficiência física, considerando a não necessidade de adaptação de espaços e maior imunidade a greves no sistema de transportes. 
CS. Quais as vantagens para os profissionais?

R. Maior qualidade de vida, ausência de deslocamentos, menor risco de acidentes no trânsito, diminuição da poluição por uso de veículos, economia de tempo e diminuição do estresse. O ambiente doméstico em geral é menos estressante. Com planejamento, é possível ser mais produtivo e eficiente no trabalho.

CS.  Isso é bom para a economia?


R. Sim, na medida em que se mantiver estável ou crescente a quantidade de postos de trabalho e as condições salariais e de benefícios também sejam mantidas. Não acredito na ocorrência de desemprego na indústria de transportes. Acredito, por outro lado, num aumento de produtos para a estrutura de Home Office.
CS. Sob o aspecto da sociabilidade, isso pode afetar os vínculos das relações afetivas?

R. Sim, o Home Office distancia as pessoas. Se o profissional trabalhar a maior parte do tempo em Home Office, poderá perder o sentido de pertencimento, isto é, fazer parte de uma equipe. É recomendável existirem reuniões periódicas na empresa para que os profissionais interajam.

O trabalho em Home Office precisa ser aplicado na dose certa. É necessário equilíbrio, pois caso contrário aquilo que teria a intenção de melhorar as condições de vida da sociedade trabalhadora atual poderá contribuir para uma piora nas relações afetivas e sociais.
  
Roberto Monastersky é Consultor em Gestão e Desenvolvimento de Recursos Humanos, professor do Master In Business Administration – MBA FIA, membro efetivo do Grupo Diógenes (Grupo Sênior de Executivos em Recursos Humanos – ABRH) e tem mestrado em curso voltado ao estudo das lideranças nas organizações pela PUC/SP.