O futuro em 4D

Vivian Aparecida Blaso Souza Soares César, Life Coach e Leader Coach. Doutoranda e Mestre em Ciências Sociais  na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Professora e autora do Blog www.conversasustentavel.com.br.

Contato: vivianblaso@conversasustentavel.com.br

Diante da banalidade do mal que apavora o século XXI, nunca foi tão necessária a reivindicação por uma ética planetária que religue natureza, humanismo e democracia.

A aposta está no futuro? O futuro já está dado?

O que será das próximas gerações diante das barbáries humanas que nos afastam da condição de sujeitos, do espírito da coletividade e da vida nas relações comunitárias?

É preciso desacelerar, desapegar, descompartimentalizar e desterritorializar.

O futuro em 4D seria a aposta para o futuro da humanidade?

Desacelerar implica contemplar, reintegrar a vida à natureza, à cultura, às artes, às ciências e à literatura. Desacelerar é seguir na contramão da sociedade 24X7 (vinte quatro horas por dia, sete dias por semana).

Desapegar significa simplificar. Para que tantos artefatos tecnológicos se o que fazemos com eles tem levado os homens a um controle ilusório sobre a natureza e a ciência, que já nos provaram ser incapazes de lidar com as questões mais igualitárias e equitativas da vida?

Descompartimentalizar os saberes significa mestiçar, colorir, religar, reintegrar as áreas que estão fragmentadas e precisam ser reinseridas à teia complexa da vida. A vida que requer mais complexidade para lidar com ordem, desordem, organização, reorganização, bifurcação.

E finalmente desterritorializar, que implica mudar a noção de territórios. É preciso agir em rede e não abater aviões, enviar mísseis para territórios que não aguentam mais a guerra.

Já estamos na 3ª guerra mundial?

Essa guerra não é uma guerra apenas para a reivindicação de territórios porque já não são mais configurados como nos séculos 19 e 20. Os territórios são virtuais, reticulares e interdependentes. Atrelados economicamente à vida e ao poder dos donos do mundo. Desterritorializar significa que o território dizimado e poluído pelo conglomerado Vale do Rio Doce não é e nunca foi só de Mariana, em Minas Gerais; é do Brasil, é do mundo, é o planeta.

O mal que mata me conforta, já dizia Michel Serres, na reivindicação de um novo homem capaz de hominescer, ou seja, se reinventar para reivindicar a vida no planeta.

Reivindicar uma ética planetária significa restabelecer a moral que foi perdida em uma grande massa amorfa, inerte, que hoje parece ser incapaz de se conectar com o próprio sentido de existência humana no planeta.

Já sabemos que chegamos a essa condição. O mal está na terra entre os homens, incapazes de se conectar consigo e com os outros, que recorrem a Deus para abater, matar, excluir e intolerar o outro.

O que nos resta é aprender e compreender que o outro somos nós.