Chuvas de verão não são mais a “sensação”

Nos últimos anos o verão no Brasil tem se tornado a estação das tragédias. O que antes era a estação mais esperada do ano hoje tem sido uma das mais temidas pela população, principalmente para aquelas que habitam áreas de encostas, morros, com declives acentuados. Os governos têm tido dificuldades em adotar medidas preventivas contra enchentes e deslizamentos de terra e isso tem colocado em risco a população que habita as chamadas áreas de risco.
A prefeitura de São Paulo, desde 2005, vem aumentando o investimento nos sistemas de drenagem, limpeza dos poços de visita, ampliação das galerias e ramais, limpeza manual e mecânica de córregos e construção de piscinões, limpeza das bocas de lobo, mas essas medidas têm sido insuficientes e a cada dia, quando chove, a situação da população das cidades tem entrado em colapso. A questão das enchentes nas cidades tem causado um verdadeiro estado de medo na população, que hoje recebe orientação da defesa civil ou para deixar suas residências em função dos riscos de deslizamentos de terra e desmoronamento, ou para não saírem de casa em função dos pontos de alagamento da cidade de São Paulo para não colocar em risco sua vida.
O Estado de São Paulo também possui o processo de regularização fundiária, que hoje conta com o apoio do projeto cidade legal, através do decreto estadual n° 52.052/2007, e tem a adesão de 407 municípios conveniados e 11.000 núcleos. Este processo prevê a aprovação de terrenos, e com isso é esperado que as áreas de risco sejam evitadas para a construção de habitações.
O que fazer para evitar estes problemas?
Segundo dados apresentados pelo IPT em 2010, seria necessário adotar medidas para reduzir e minimizar os problemas, como: eliminar ou reduzir as áreas de risco já existentes através de obras de contenção, drenagem e proteção superficial, reurbanização e realocação de moradias e população; evitar a formação de áreas de risco por meio de planejamento urbano, plano diretor, código de obras e fiscalização.

Outros aspectos estão relacionados à conscientização da população em relação ao lixo. Como ele não é descartado de maneira correta, acaba entupindo os bueiros, bocas de lobo e provocando alagamentos na cidade, o que causa transtornos econômicos, ambientais e sociais.

Por fim, é inacreditável que a prefeitura de São Paulo possa conceder licença para as construtoras, como Kallas, Brookfield, Rossi, Even e MaxHaus, construírem novos empreendimentos, por sinal totalmente vendidos, bem na Avenida Mofarrej, que sempre vira um rio em dias de chuvas torrenciais, com bastante lixo boiando sobre a água.

No dia 11 de janeiro deste ano a Av. Mofarrej estava completamente alagada, mas as obras do empreendimento da construtora Brookfield continuavam a todo vapor. Será que isso está correto?

Por: Vivian Aparecida Blaso Souza Soares Cesar, Relações Públicas, Especialista em Sustentabilidade

2 comentários em “Chuvas de verão não são mais a “sensação””

  1. Vivian, li o seu texto e realmente é inaceitável como a pressão imobiliária vence a burocracia municipal e alavanca o “crescimento” verticalizado das cidades como verdadeiros paliteiros deixando de lado a sustentabilidade do ambiente pela intensa impermeabilização. Como já escrevi em meu blog e isto já é sabido, a drenagem urbana é simplesmente um problema de alocação de espaços. Não adiantam medidas como a ampliação dos condutos (galerias de águas pluviais) bem como de canalizações e até mesmo piscinões subdimensionados se posteriormente conceitos básicos que são ensinados na pré-escola são esquecidos como a necessidade da infiltração da água, da recarga do lençol freático bem como da preservação de áreas verdes. Como disses, que triste verão das águas urbanas…Parabéns pelo texto!

  2. Caro Frederico, obrigada pelo seu comentário realmente é inacreditável. Você como é engenheiro sabe da responsabilidade com a vida das pessoas que habitam as edificações. Caso seja do seu interesse você também poderia nos enviar um artigo de sua autoria sobre este tema. Abraços, Vivian Blaso

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